MARCAS
Os trabalhos apresentados aqui são um desdobramento da pesquisa pictórica com pigmentos minerais que venho desenvolvendo nos últimos 4 anos, em que coleto a terra do local de onde me encontro para produzir a tinta para as pinturas. A terra tem um papel simbólico, sendo um elemento de conexão entre da imagem retratada e com o seu local de origem.
No ano de 2017, atuei em ações emergenciais de conservação e restauro em três capelas de diferentes cidades atingidas pela onda de lama causada pelo rompimento da Barragem de Fundão, que está localizada no subdistrito de Bento Rodrigues-MG. Durante esse período, pude conhecer alguns dos moradores dessas comunidades que foram atingidas, além de observar de perto os danos resultantes desse desastre. Dessa forma, fica evidente nas palavras de PALLASMA, 2017, esse sentimento de perda, como se segue:
“A experiência do lar inclui uma gama incrível de dimensões mentais unificadas, desde aquelas relacionadas à identidade nacional de ser membro de uma cultura específica até as dimensões que envolvem os desejos e os medos inconscientes. Não é surpresa que os sociólogos tenham descoberto que a tristeza sentida por um lar perdido é semelhante ao luto de um familiar”. (PALLASMA, 2017, p.23.)
Elton Hipolito, 2018
* Os trabalhos apresentados nesta série, a principio faziam parte da série “Lacunas da Memória”. No entanto, por questões de distinção e de definição de conceitos estas obras passaram a integrar a série “Marcas”.
Juhani Uolevi Pallasmaa nasceu a 14 de Setembro de 1936, em Hämeenlinna, Finlândia. É arquiteto e trabalha em Helsinque, Finlândia. Foi professor de arquitetura na Universidade de Tecnologia de Helsinque, diretor do Museu de Arquitetura da Finlândia e professor convidado em diversas escolas de arquitetura do mundo inteiro. É autor de inúmeros artigos sobre filosofia, psicologia e teoria da arquitetura e da arte, e dos livros: Os olhos da pele (2011), As mãos inteligentes, A imagem corporificada (2013) e Habitar (2017).